Da transexualidade à disforia de género – protocolo de abordagem e orientação nos cuidados de saúde primários

Autores

  • Ana Gabriela Carvalho Olivera Pós-graduada em Sexologia e Terapia de casal; Médica Interna de Medicina Geral e Familiar da USF Terras de Souza – ACeS Tâmega II
  • Ana Filipa Vilaça Pós-graduada em Sexologia e Terapia de Casal; Médica Interna de Medicina Geral e Familiar da USF Manuel Rocha Peixoto – ACeS Cávado I
  • Daniel Torres Gonçalves Advogado; Mestre em Direito; Pós-graduado em Direito da Medicina; Investigador do Centro de Inovação e Investigação em Ciências Empresariais e Sistemas de Informação

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i3.12105

Resumo

Objetivo: Elaborar um protocolo de atuação clínica perante um diagnóstico de transexualidade, com ou sem disforia de género, a ser aplicado nos Cuidados de Saúde Primários.

 

Fontes de Dados e métodos de revisão: Pesquisa na base de dados Pubmed de artigos desde 2010 até à atualidade, com as palavras-chave “Gender dysphoria” e “Transsexualism”. Pesquisa de legislação portuguesa aplicável ao tema. 

 

Resultados: A transexualidade integra o espectro das perturbações de identidade de género e compreende a existência de uma discrepância entre o sexo biológico e a identidade de género com a qual a pessoa se identifica. Esta leva, muitas vezes, a sentimentos de angústia e infelicidade. Quando estes sentimentos estão presentes, a condição designa-se por disforia de género. Porém, a transexualidade e a disforia de género nem sempre coexistem. Todo o médico de família deve conhecer o normal desenvolvimento sexual de um indivíduo. Só assim conseguirá identificar alguns desvios ao binarismo feminino/masculino e reconhecer uma perturbação da identidade género.  Através de uma história clínica minuciosa, baseada na história sexual, e de um exame objetivo dirigido é possível fazer o diagnóstico, que assenta, essencialmente, nos critérios do DSM-5 e CID-10. Posteriormente, o médico de família pode orientar o doente para os Cuidados Hospitalares, para que este seja acompanhado por uma equipa multidisciplinar. Para além disto, deve também requisitar meios complementares de diagnóstico para monitorizar os efeitos secundários das terapêuticas instituídas.

 

Conclusões: O diagnóstico diferencial da transexualidade é complexo e nem sempre de fácil resolução. O médico de família assume uma posição privilegiada neste diagnóstico, ao acompanhar de perto o desenvolvimento do indivíduo desde o nascimento até à idade adulta. A implementação de um protocolo pioneiro de abordagem da transexualidade com/sem disforia de género, que uniformize a conduta médica, tem por objetivos evitar atrasos no diagnóstico e o perpetuar do sofrimento individual.

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Biografia Autor

Ana Gabriela Carvalho Olivera, Pós-graduada em Sexologia e Terapia de casal; Médica Interna de Medicina Geral e Familiar da USF Terras de Souza – ACeS Tâmega II

Mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (2007-2013), com a média de 15,4 valores.

Curso de Tripulante de Ambulância de Transporte (2010) (classificação 16,4 valores).

No âmbito da tese de mestrado intitulada “Autoimunidade e Cancro” participou em vários congressos nacionais e internacionais. Participou no VII Young European Scientist – Meeting (2012) onde foi co-autora do trabalho científico apresentado sob a forma de poster com o título "Abnormalities in lymphocyte populations in autoimmune diseases - a preliminary study" vencedor do prémio de melhor poster.

Médica Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar (início em janeiro de 2015) na USF Terras de Souza ACeS Tâmega II/Vale do Sousa Sul, Paredes.

Curso Avançado em Doenças Respiratórias pela Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho (2015) (classificação 16 valores)

Comunicação oral sobre “Abordagem da amenorreia nos cuidados de saúde primários – protocolo de atuação” vencedora de uma menção honrosa no Congresso do Alto Minho que decorreu em Caminha (2016).

Co-autora do poster “Urinary stone composition in the North of Portugal: gender and age variations, and the evolution in the last 7 years” apresentado no 6th International Meeting “Challenges in Endourology”  que decorreu em Paris (2016).

Pós-graduada em Terapia de Casal e Sexologia Clínica pelo Instituto de Psicologia e Outras Ciências (conclusão em 2017).

Dinamizadora e formadora de várias sessões clínicas dirigida a profissionais de saúde e comunidade. 

 

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Publicado

2019-07-01

Como Citar

Olivera, A. G. C., Vilaça, A. F., & Torres Gonçalves, D. (2019). Da transexualidade à disforia de género – protocolo de abordagem e orientação nos cuidados de saúde primários. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 35(3), 210–22. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i3.12105