Um caso clínico de encefalite paraneoplásica

Autores

  • Cátia Filipa Neto da Silva USF S. Nicolau, Aces do Alto Ave http://orcid.org/0000-0002-1832-9803
  • Filipe Daniel Cunha Costa USF S . Nicolau, ACES do Alto Ave
  • Mário Rui Portilha Antunes da Cunha USF S. Nicolau, ACES do Alto Ave

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i2.12492

Resumo

Introdução: A encefalite é uma condição inflamatória cerebral com múltiplas etiologias. Na maioria dos casos, os agentes virais são os principais responsáveis, mas raramente a etiologia pode ser auto-imune/paraneoplásica. A incidência de encefalite paraneoplásica é desconhecida. As neoplasias mais frequentemente associadas a esta síndrome são o carcinoma pulmonar, tumor testicular, neoplasia da mama, timoma e linfoma de Hodgkin.

Pensa-se que o mecanismo etiopatogénico se relaciona com a produção de auto-anticorpos contra a superfície neuronal e/ou proteínas sinápticas.

Dependendo do local do sistema nervoso afetado, a sintomatologia varia, sendo que, a encefalite límbica é caraterizada pelo início agudo de alterações do comportamento, humor, memória a curto-prazo e disfunção cognitiva. A deteção e tratamento precoces melhoram o prognóstico, a rapidez da recuperação e reduzem o risco de recaída. A ausência de tratamento pode evoluir para um quadro neurológico debilitante, culminando em coma e morte em alguns doentes.

Descrição do caso: Mulher de 50 anos, avaliada na Unidade de Saúde Familiar (USF) em 2017, por alterações mnésicas súbitas e alterações do comportamento. À avaliação, apresentava apatia, anedonia e escassez de discurso, esboçando, por vezes, um riso inapropriado. Desorientação espacial, temporal e em relação a si própria, que evoluiu para um quadro de agressividade e não reconhecimento dos seus familiares. A investigação etiológica concluiu tratar-se de encefalite auto-imune/paraneoplásica, tendo a doente sido internada em Neurologia. O estudo investigacional mostrou massa no mediastino anterior, compatível com timoma. Em 2018, a doente foi submetida a exérese da neoplasia, com recuperação do quadro neurológico.

Comentário: A baixa prevalência desta patologia e o seu diagnóstico diferencial com doença psiquiátrica tornam difícil o diagnóstico desta síndrome. O médico de família conhecendo os seus pacientes ao longo do tempo, está numa posição privilegiada para a deteção de sinais de alarme que carecem de investigação e tratamento diferenciados. 

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Biografias Autor

Cátia Filipa Neto da Silva, USF S. Nicolau, Aces do Alto Ave

- Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, Aces Alto Ave

- Mestrado Integrado em Medicina na Universidade do Minho

 

Filipe Daniel Cunha Costa, USF S . Nicolau, ACES do Alto Ave

- Interno de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar

- Mestrado Integrado em Medicina na Universidade do Minho

Mário Rui Portilha Antunes da Cunha, USF S. Nicolau, ACES do Alto Ave

- Especialista em Medicina Geral e Familiar

 

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Publicado

2020-04-29

Como Citar

Neto da Silva, C. F., Cunha Costa, F. D., & Antunes da Cunha, M. R. P. (2020). Um caso clínico de encefalite paraneoplásica. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 36(2), 194–99. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i2.12492