Determinantes do adoecimento mental na população sem-abrigo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i5.13394

Palavras-chave:

Sem abrigo, Doença mental em sem-abrigo, Intervenções psicossociais, Housing-first

Resumo

A definição de sem-abrigo não é consensual e varia entre alguém que vive literalmente na rua a um conceito mais alargado. Ser sem-abrigo resulta de um fenómeno heterogéneo e multidimensional, que pode afetar não só os indivíduos mais vulneráveis, como também aqueles que se encontram numa situação económica e social estável. A relação entre ser sem-abrigo e ter doença psiquiátrica é há muito conhecida. Há uma maior prevalência de todas as patologias mentais em sem-abrigo em relação à população geral, situando-se entre os 25 a 50%. O risco de ficar em situação de sem-abrigo para pessoas diagnosticadas com doenças mentais é dez vezes maior do que para a população em geral, na medida em que a funcionalidade e a autonomia dos indivíduos podem ficar altamente afetadas. Além disso, as adversidades associadas a tornar-se e a permanecer sem-abrigo são complexas e podem também elas criar combinações únicas de fatores de stresse para problemas de saúde mental. Trabalhar com pessoas em situação de sem-abrigo e, especialmente com doença mental, é um trabalho exigente. O problema central nos sem-abrigo com doenças mentais é a falta de acessibilidade aos tratamentos na comunidade e de habitação adequada. As políticas sociais devem ser abrangentes e ter em consideração a heterogeneidade da população sem-abrigo, desenvolvendo estratégias ajustadas às diferentes necessidades, flexíveis e adaptadas a cada pessoa.

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Publicado

2022-11-09

Como Citar

Jorge, P. (2022). Determinantes do adoecimento mental na população sem-abrigo. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 38(5), 488–95. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i5.13394