Quando a família é a principal doença

Autores

  • António Santos Interno de Medicina Geral e Familiar
  • Jerusa Oliveira Interno de Medicina Geral e Familiar
  • Bertínia Oliveira Interno de Medicina Geral e Familiar
  • Susana Medeiros Assistente de Medicina Geral e Familiar USF AlphaMouro, ACES IX Algueirão - Rio de Mouro

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v29i2.11060

Palavras-chave:

Medicina Geral e Familiar, Somatização, Disfunção Familiar, Consanguinidade

Resumo

Introdução: O caso clínico relata os vários sinais de disfunção familiar detectados pelo médico de família, no decorrer das consultas, bem como alerta para a importância da contextualização holística do doente no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários. Descrição do caso: Trata-se de uma família nuclear, constituída por um casal com uma filha (de 4 anos). P.P., sexo masculino, 27 anos, filho de pais adolescentes, foi abandonado à nascença, sendo acolhido pelos avós maternos, e criado com poucos recursos económicos. Durante a adolescência teve um escasso contacto com a mãe, já casada, com duas filhas e emigrada nos Estados Unidos da América. Aos 18 anos travou conhecimento com um tio paterno, com quem estabeleceu uma relação de grande afectividade. Este convívio possibilitou uma aproximação ao pai biológico, passando a coabitar ocasionalmente com este, a madrasta e a meia-irmã, 7 anos mais nova, com quem partilhava o quarto. Fruto desta proximidade, desenvolveu-se uma relação incestuosa, descoberta aquando da gravidez da meia-irmã aos 15 anos, na sequência da qual foram expulsos de casa. Desde 2005, ambos os elementos do casal recorreram ao médico de família, em consultas independentes, por queixas inespecíficas sem tradução clínica. A multiplicidade de consultas despertou a suspeita e diagnóstico de disfunção familiar, o que promoveu uma abordagem multidisciplinar, que se revelou significativa para um maior bem-estar familiar. Comentário: O presente caso pretende chamar a atenção para alguns sinais de alerta de disfunção familiar e para o papel do médico de família na contextualização de sinais e sintomas recorrentes, e na abordagem familiar usando as várias ferramentas de avaliação. Salienta-se de igual modo a importância da colaboração multidisciplinar e integração dos cuidados com vista à melhoria da dinâmica e orientação familiar.

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Publicado

2013-03-01

Como Citar

Santos, A., Oliveira, J., Oliveira, B., & Medeiros, S. (2013). Quando a família é a principal doença. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 29(2), 120–5. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v29i2.11060