Problemas sexuais na mulher com cancro da mama e cancro ginecológico: revisão narrativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i4.12888

Palavras-chave:

Sexualidade, Oncologia, Neoplasia, Mulher

Resumo

Objetivos: Estima-se que mais metade das mulheres com cancro da mama ou cancro ginecológico apresentem problemas sexuais. Contudo, apenas uma minoria recebe aconselhamento médico nesse âmbito. A presente revisão narrativa tem como objetivo descrever os principais problemas sexuais das mulheres com esta tipologia de neoplasias, bem como identificar estratégias de abordagem e tratamento dos mesmos.

Métodos: Foi efetuada uma pesquisa da literatura na base de dados PubMed, utilizando os termos MeSH: Sexuality, Neoplasms, Female e Women. Foram utilizados livros e artigos datados entre 1998 e 2020.

Resultados: O cancro da mama afeta a vida sexual desde o diagnóstico, associando-se a intenso sofrimento psicológico. A este acresce o impacto do tratamento. A cirurgia altera a autoimagem, sensibilidade mamária e mobilidade. A radioterapia condiciona alterações tecidulares. A quimioterapia apresenta efeitos psicológicos e físicos com impacto direto e indireto na sexualidade. A terapêutica hormonal condiciona atrofia urogenital e sintomas vasomotores. Por outro lado, também a maioria das mulheres com cancro ginecológico apresenta vários níveis de disfunção sexual secundários à terapêutica. Tratamentos mais recentes como a braquiterapia, técnicas de nerve-sparing modificadas e cirurgia reconstrutiva têm contribuído para uma diminuição da morbilidade associada ao tratamento. Verifica-se uma consciencialização crescente da importância da saúde sexual dos doentes oncológicos. Neste contexto, cabe ao médico abordar o assunto, informando as doentes acerca do possível impacto da doença e do respetivo tratamento na sexualidade. Existem questionários validados e modelos estruturados facilitadores de comunicação neste sentido. Cabe também aos clínicos o controlo dos sintomas de disfunção sexual associados à terapêutica oncológica, privilegiando sempre que possivel fármacos com impacto neutro ou positivo na sexualidade.               

Conclusão: Qualquer médico deve estar sensibilizado para a disfunção sexual associada à patologia oncológica e ao seu tratamento, sendo capaz de a rastrear e adaptar o plano terapêutico em conformidade, colocando em prática o cancer care continuum.

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Biografia Autor

Maria Beatriz Morgado, USF Cova da Piedade, ACES Almada Seixal, ARS LVT

- Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar, na USF Cova da Piedade, ACES Almada- Seixal, ARS LVT.

- Especialização Avançada em Terapia de Casal, Instituto Português de Psicologia e Outras Ciências.

- Especialização Avançada em Sexologia Clínica, Instituto Português de Psicologia e Outras Ciências.

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Publicado

2021-09-14

Como Citar

Morgado, M. B. (2021). Problemas sexuais na mulher com cancro da mama e cancro ginecológico: revisão narrativa. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 37(4), 314–28. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i4.12888